Dr. Jandir Chaves |
Como surgiu o primeiro time: Em 1953,
com anuência do presidente da Associação Esportiva Bambuiense (AEB), Sr. Elias
Saad foi realizado o primeiro Campeonato Municipal no campo da AEB, com portões
abertos para todos os amantes do futebol pudessem assistir os jogos e se
divertir nas tardes de sábado. Havia três times na época, um denominado de
Cerradinho, Time da Praça (Centro) e o Gabiroba. Naquela época havia a tradição
das rainhas de cada time, algo parecido com a Musa do Time, existente nos dias
atuais. A rainha do Cerradinho era Dalva Maria Dias, do Centro era Ivete Franco
e do Gabiroba a Sra. Zazita. O Cerradinho foi a primeira formação do Zíngaro.
Campeonato
Municipal de 1954: No ano seguinte, o Sr. Elias Saad promoveu um
campeonato de futebol dividindo a cidade de Bambuí em quatro partes. Do Córrego
das Almas em direção ao bairro Cerrado foi montado um time com nome de
“Combinado do Dr. Jandir Chaves” que representaria essa região da cidade. Da
estação férrea em direção ao antigo Colégio Agrícola seria representado pelo
time do “Lava-Pés”. A região da linha em direção a saída da cidade para a
Rodovia BR 354 seria representada pelo time dos “Açudes” e haveria ainda o time
do “Centro de Bambuí”. Os jogadores da AEB não poderiam jogar para nenhum
desses times, considerados “Times de Bairro”, tendo em vista que o clube celeste
do centro da cidade havia adquirido certo status
por disputar jogos amistosos com grandes equipes como Atlético - MG, Canto do
Rio - RJ, Cruzeiro - MG, Flamengo-RJ, Guarani de Divinópolis – MG, Vasco da
Gama-RJ, Sobradinho-DF, entre outras. Além disso, o time da AEB, que hoje é
representada pela mascote Tatu-Canastra almejava trilhar os caminhos do
profissionalismo e disputar o Campeonato Mineiro da Segunda Divisão.
Capítulo II
Nascendo com as Taças na Mão: O time que levou o nome de Cerradinho foi o primeiro
Campeão Municipal em 1953. Em relatos de Dalva Maria Dias ela conta que “(...) A disputa foi esquentando. Com os portões
abertos, a população do Cerrado, da Praça e da Gabiroba se entusiasmou tanto,
que se via presente, no campo da AEB, pessoas que nunca se preocuparam com
futebol. Resultado: O Cerradinho sagrou-se campeão (...)”. No ano seguinte,
o time que levou o nome de “Combinado do Dr. Jandir Chaves” formado pelos
jogadores Bigorna, Betinho, Totônio do Juca Henrique, Tira Gosto, Valdico, Fão
do Belo, Redondo, Pachola, José Gui, Tiriri, Musquitinho, Ivá, Dux, Vicente
Galvão e Eli Leandro sagrou-se “Bicampeão Municipal de 1954”. Dalva Maria Dias
descreve que “(...) O presidente da AEB,
no 2º jogo Combinado Dr. Jandir, fechou os portões e cobrou o ingresso daí pra
frente. Mesmo assim, a torcida era forte, o campo sempre lotado. O Zíngaro não
perdeu no campo da AEB campeonato algum. Foram cinco. (...)”.Começava então
a rivalidade entre Zíngaro x AEB, dois times que não jogavam entre si, mas que
a torcida de um não se misturava com o outro. Uma rivalidade no estilo Atlético
Mineiro x Flamengo - RJ, onde uma torcida vibra com a derrota do adversário,
independente se jogava contra. No ano seguinte, passou a chamar oficialmente
Zíngaro, após eleger a primeira Diretoria e oficializar a fundação de um clube
de futebol. Mal sabia aqueles atletas que esses primeiros torneios disputados
com tanto “pé-quente” daria origem a uma dos times mais gloriosos e com a
torcida mais fanática da cidade de Bambuí-MG.
Capítulo III
Origem do nome e do escudo do time:
Ainda no ano de 1954, o time juvenil da Associação Esportiva Bambuiense (AEB)
disputou um amistoso com um time chamado Zíngaro Futebol Clube, de Itaúna-MG. A
partida terminou empatada, sem gols. O time de Itaúna trajava uniforme todo
vermelho, inclusive calção e meias e seu escudo era redondo, com a letra “Z”
bordada no meio. De acordo com Charles Aquino, do site Itaúna Décadas, o time
do Zíngaro de Itaúna dos anos 50 era formado pelos jogadores Zé Ribeiro,
Paulino, Élio Brexo, Luiz Guaraciaba, Zezé do Frederico, Mocota, Raimundo Diniz
(goleiro), Mário Penido, Alemão, Osvaldinho, Guilherme Corradi, Vicentino,
Coréia e Vander Tavares. Provavelmente foi essa a formação de atletas que atuou
contra o time da AEB naquela época. Os jogadores do time do “Combinado do Dr.
Jandir Chaves” que até então não haviam adotado um nome oficial para
representar aquela ala de Bambuí, que englobava mais de um bairro gostaram do
nome “Zíngaro”, sugerido por João Bahia Guimarães (Zizico Samuel) e Antônio
José Vieira (Tiriri) inspirado nesse time de Itaúna e resolveram fundar
oficialmente um clube de futebol bambuiense com essa denominação.Segundo
relatos de Vânia Magalhães Guimarães Mendonça, seu pai, Sr. Zizico Samuel teve
um motivo a mais para o nome: “(...) ele
escolheu Zíngaro porque significa "cigano" em espanhol, e as pessoas
do centro gostavam de chamar o pessoal do cerrado de ciganos (...)”.
Na primeira
vez que o time utilizou o uniforme contendo uma letra que parecia ser um “Z”
com uma coroa amarela, algumas pessoas pensaram ser um simbolismo representando
um “S” invertido, dado que na época utilizava-se a grafia “Serrado” para escrever o nome do Bairro, como pode ser visto em
algumas edições de jornais locais da época. No entanto, relatos históricos da
primeira Rainha do time quadricolor registram que “(...) A rainha Dalva Maria Dias, com seu entusiasmo, que muito animava os
jovens, arrumou um novo jogo de camisas com um escudo idealizado por ela, com a
letra Z no peito, e o Cerradinho passou a chamar-se ZÍNGARO. A letra poderá,
também, significar ZEUS, que na mitologia grega, seria Deus dos Deuses. Mas
todos os dias ao meio dia, na Igreja Matriz, na hora do Ângelus, o prefixo era
a música Zíngara que chamava a atenção dos ouvintes para a oração. E sempre
depois de uma nova disputa, a rainha escrevia uma crônica comentando o último
jogo, e a torcida organizada prestava muita atenção (...)”. Existe também
uma versão de que a escolha do nome do clube de futebol foi reforçado quando
uma tribo de ciganos que vendiam um perfume com nome de Zíngaro passaram pelo município de Bambuí. O escudo do time, da
forma como conhecemos hoje foi criado pelo artista plástico Gilberto do
Sebastiãozinho, que também era torcedor fanático do time do Cerrado e atuou
como treinador das categorias de base durante muitos anos.
Capítulo IV
Significado dos elementos e cores do escudo do Zíngaro e suas variações: O escudo do Zíngaro tem um formato diferenciado compreendendo curvas, arestas e linhas retas, totalmente distintas de outros formatos adotados por clubes do futebol brasileiro. A coroa amarela simboliza a supremacia e o reinado de quem nasceu pra ser campeão. As cinco estrelas dentro da coroa simbolizam o pentacampeonato municipal conquistado entre os anos de 1953 a 1957, no campo da AEB. A cor amarela da letra Z e da coroa simboliza o ouro carregado pelos campeões nas medalhas e troféus e o fundo vermelho simboliza a cor do solo avermelhado típico do Bioma Cerrado da região de Bambuí, que dera nome ao bairro. O escudo principal tem o fundo avermelhado com a letra e coroa amarela, mas também pode assumir variações com fundo branco, preto ou amarelo, dependendo do estilo do uniforme adotado pelo clube, sempre respeitando as quatro cores oficiais do Zíngaro. Uma curiosidade é que por algumas vezes, a parte de dentro do escudo do time foi alterada substituindo a letra Z pelo nome “Cerrado” para a disputa dos Campeonatos de Bairro de Bambuí, onde seria aceito a participação apenas de times de bairro e não de clubes como AEB e Zíngaro. Como o Zíngaro sempre foi o time de coração do bairro Cerrado, os mesmos jogadores que compunham o elenco do Lobo do Cerrado disputavam o Campeonato de Bairro com uniforme similar ao do Zíngaro, mas usando o nome do bairro que representavam e as mesmas cores. O clube também, por algumas vezes, já utilizou uniformes que não apresentava o escudo no lado esquerdo do peito, mas que levavam as cores do clube ou seu nome por extenso nas costas.
Capítulo V
Fundação Oficial do Clube de Futebol:
No dia 10 de julho de 1955, reuniu-se na casa do Sr. Juca Henrique, pai do
Desembargador José Fernandes, diversos desportistas bambuienses, com a
finalidade de transformar aquele time bicampeão em um clube de futebol, que mal
sabiam eles, incomodaria muita gente, o que daria ao clube o futuro slogan de
“O mais amado e o mais perseguido!”. A data de 10 de julho marca também o
aniversário de emancipação de Bambuí, pode ser que aqueles amantes do futebol
reuniram-se naquela tarde para aproveitar o feriado ou apenas estrategicamente
para associar a uma data importante do calendário local que dificilmente seria
esquecida. A ata de fundação, escrita a mão e com uma letra de belo traço
denomina pela primeira vez de Zíngaro
Atlético Clubaquele que seria o representante do Bairro Cerrado.
Primeira Diretoria do Zíngaro: A ata de fundação do clube, além de oficializar o nome, traz a formação da primeira estrutura diretora que seria composta por um presidente de honra, seus respectivos presidente e vice, quatro cargos administrativos, quatro cargos técnico-desportivo, um cargo de zelador e a formação do Conselho Consultivo. Na primeira página do livro, onde fora registrada essa ata, está o seguinte relato histórico: “(...) Aos 10 dias do mês de julho de 1.955, às 13 horas, na residência do snr. José Fernandes da Silva, nesta cidade, presentes grande número de desportistas e pessôas gradas, reuniu-se afim de eleger a sua primeira diretoria do “Z.A.C.”. A proposta foi apresentada pelos desportistas: Antônio José Vieira, Antônio Fernandes da Silva, José Gui Leandro, Geraldo dos Santos Parreira e Cezário Campos, a chapa abaixo para reger os seus destinos até 10 de julho de 1.957, que é a seguinte: Presidente de Honra - Dr. Jandir Chaves; Presidente – João Bahia Guimarães; Vice-Presidente - Anibal Maia Filho; 1º Secretário – Antônio José Vieira; 2º Secretário – Eli Leandro; 1º Tesoureiro – Hernani Mourão; 2º Tesoureiro – José Maria Mourão; Diretor Esportivo – Antônio Fernandes da Silva; Diretor Técnico – Geraldo Campos; Superintendente Técnico – Cezário Campos; Conselho Consultivo: Antônio Marques da Silva, Sidbad Bahia, Fábio Santos, Nestôr Carlos, Clarindo Otaviano Dias e Nelson Naves; Massagista: Benito Xavier da Fonseca; Zelador: Antônio de Souza. Sendo esta indicação por uma ruidosa salva de palmas aprovada unanimente (...)”
Capítulo VI
Aprovação da diretoria e dos sócios: A
ata de fundação segue com as seguintes palavras: “(...) Pêlo presidente foi dito que a simples assinatura desta ata importa na
posse dos cargos dos respectivos eleitos, e de todos que compareceram e que
fazem parte do quadro de sócios do “Z.A.C.”, sendo ainda aprovado os mascotes,
Elo Sandro Marques, Cláudio Rosário Mourão e Pedro Luiz Dias”. A ata é
finalizada com a assinatura de 42 pessoas presentes, entre eleitos para atuar
na Diretoria e presentes que se associaram ao clube.
Capítulo VII
As cores do clube e o primeiro uniforme: O
primeiro uniforme foi doado pelo time do Lava-Pés. Em uma reunião para formar o
time do Lava-Pés (conhecido como PTB), houve um desacordo entre os desportistas
e os possíveis dirigentes brigaram. O jovem Boli já tinha comprado as camisas
para o time do Lava-Pés e como não seria mais formada a equipe, perguntou ao
Tiriri se o Zíngaro já tinha confeccionado seu uniforme. Como o clube do
Cerrado ainda não tinha um uniforme oficial de jogo, Boli doou as camisas para
que o Zíngaro pudesse utilizar nos jogos que disputassem. A camisa era preta e
branca, listrada como o uniforme do Atlético Mineiro. Como não tinha nenhum
escudo ainda desenhado para representar o clube, Dalva que era esposa do
Clarindo, bordou uma letra Z com linha vermelha e sobre a letra uma coroa
amarela. De acordo com relatos de Vânia Magalhães Guimarães Mendonça, filha do
primeiro presidente do Zíngaro, a doação do primeiro jogo de camisas com as
cores preto e branco agradou ao presidente do time: “(...) Foi meu pai, Zizico Samuel, que fundou aquele time, doou o terreno, deu
as camisas...enfim fez quase tudo(...) quando
meu pai fundou o Zíngaro ele colocou as cores preto e branco por causa do
Vasco, que era o time dele. Depois, quando o Antonio Régis foi presidente do
Zíngaro, ele mudou a cor do time para branco e laranja(ou uma variação de
vermelho), só porque ele torce para o
Cruzeiro e não queria as cores do Galo no time...eu até discuti com ele por
causa disto (...)achei bobagem trocar,
tantos times tem igual e são as mais bonitas mesmo!”. Portanto, o clube
adotou as cores preto, branco, vermelho e amarelo como oficiais do time, que
desde então, tornou-se o quadricolor bambuiense. Tiriri tinha o jogo de camisas
para distribuir ao time, mas, ainda faltavam os calções e meiões para completar
o uniforme. Ele então fez uma rifa de um relógio que tinha imenso apreço e
comprou o restante do uniforme com o dinheiro arrecadado desta maneira. O
primeiro uniforme do Zíngaro foi estreado em um jogo contra a Seleção de
Bambuí.
Capítulo VIII
Aquisição do Terreno para Sede do Zíngaro:
Todo grande clube merece ter sua casa e fazer seus adversários tremer em seus domínios.
Naquele tempo existiam alguns campinhos de terra batida pequenos espalhados por
Bambuí, inclusive o Campo da AEB, que não era estruturado da forma como
conhecemos hoje. O terreno central que hoje se localiza o Estádio
SinfrônioTôrres foi doado pela Prefeitura Municipal de Bambuí à AEB em 05 de
maio de 1955. A Diretoria do Zíngaro queria ter seu campo e ser respeitado e
temido em seus domínios pelos adversários. Portanto, no dia 15 de maio de 1956,
o presidente do Zíngaro, João Bahia Guimarães (também conhecido como Zizico
Samuel) juntamente com o membro do Conselho Consultivo, Clarindo Otaviano Dias
adquiriram um terreno com o objetivo de construir a sede do clube e um campo de
futebol naquela região do Bairro Cerrado. Há relatos de que o Clarindo tenha
dado uma mula em troca do terreno, posteriormente, houve algumas brigas
judiciais para retomada do terreno em razão da negociação feita a época, mas
não teve jeito. O mesmo continuou sendo de posse do Clarindo. Vânia Magalhães
Guimarães Mendonça relata que: “(...) Ele(Zizico
Samuel) fez doação de um terreno que
tinha no Cerrado para campo de futebol e ficou faltando uma faixa de terreno,
então ele pediu ao dono do outro terreno que confrontava com o dele, apenas um
pedaço para erguer a arquibancada...o dono era o Clarindo Dias e ele não queria
doar de forma alguma...foi com muita dificuldade que ele cedeu esta faixa de
terra (...)”. O Jornal “Folha de Bambuí”, que era um conceituado veículo de
comunicação da época que circulava no município destacou em suas páginas o
feito da diretoria do clube do Cerrado: “(...) A nota de sensação na vida esportiva da cidade é a aquisição, por parte
do bi-campeão, Zíngaro A. Clube, de um terreno para construção, de um terreno
para construção de seu estádio, situado próximo a Rua Pe. Domingos, no bairro
Serrado. Segundo conseguimos apurar, todas as providências já foram tomadas, no
sentido de ser dado imediato início às obras de terraplenagem, bem como todos
os planos já foram traçados para a construção do estádio que terá uma área
aproximada de 1400 metros quadrados”. Detalhe que naquele ano, o Zíngaro já
era tricampeão municipal (1953-1954-1955), mas por descuido do jornal da época
ou mesmo pelo fato de não considerar o primeiro torneio disputado entre três
times no ano de 1953, onde jogaram com nome de Cerradinho, foi apontado pelo
veículo de comunicação como bicampeão.
Capítulo IX
O Estádio do Zíngaro – Parte I: Após a regularização da documentação de aquisição do
terreno, a população do bairro Cerrado empolgada com a criação desse espaço
esportivo, foi fundamental na construção do campo e posteriormente da estrutura
mínima para ser designado como “Estádio de Futebol”. Naquela época eram
realizados verdadeiros multirões com a finalidade de melhorar as condições
locais para o desenvolvimento do futebol pelos jogadores que representavam o
bairro em torneios da cidade, atuando no time considerado como principal, bem
como para o início do desenvolvimento das categorias de base, que viriam a
beneficiar as crianças não somente do Cerrado, mas de toda a cidade. O Jornal
Gazeta de Bambuí, número 34, datado de outubro de 1979 destaca a importância da
população do Cerrado que se uniu na construção do alambrado: “(...) É impressionanteo espírito de união do povo
daquele bairro. Este povo, que tem à frente o dinâmico Antônio José Vieira –
(Juquinha “Tiriri”), conseguiu realizar uma verdadeira façanha. Constituem-se
prova dessa proeza as realizações apresentadas atualmente no campo do Cerrado,
com tudo feito dentro dos limites mínimos estipulados pela lei do futebol,
dentro em breve será inaugurado a conclusão do alambrado do estádio. Comenta-se
já a recente construção de um moderno vestiário e de uma quadra”
Capítulo X
O Estádio do Zíngaro – Parte II: A
Revista dos Municípios, edição número dois, de 1956 apresentava um informe
sobre a construção do campo próprio que o time bambuiense teria em breve,
naquele ano. O Zíngaro Atlético Clube teve a escritura definitiva do terreno do
campo de futebol apenas no final dos anos 80, durante o mandato de presidente
de Antônio José Vieira (Tiriri) quando o Clarindo e o Zizico Samuel doaram a
escritura para o clube. Desde então, o Estádio veio a ser nomeado como Alonso
Dias Filho, em homenagem ao pai do Clarindo. Daí pra frente, aquele campo de
chão batido e com gol de madeira se desenvolveu a passos largos, tendo sido
gramado, murado, com a construção de alambrado, a ampliação e melhoria das
arquibancadas, construção de vestiários, bar e posteriormente com a implantação
da iluminação.
A área do
gramado é de aproximadamente 6500 m², sendo apenas 200 m² menor em relação ao
campo do Estádio SinfrônioTôrres, sede da Associação Esportiva Bambuiense
(AEB). Ao lado do campo, ainda existe uma quadra poliesportiva que na época foi
construída para utilização nas modalidades de futebol de salão (Futsal),
handebol, basquetebol e vôlei. Atualmente, a quadra encontra-se com estrutura
um pouco degradada, sendo necessário sua reforma para que volte a cumprir seu
papel poliesportivo. Mesmo nas condições que se encontra, ainda segue sendo
utilizada pelas crianças e jovens do bairro, que praticam aquelas peladinhas
gostosas de final de tarde.
Capítulo XI
Excursão em Araxá-MG: O aniversário de
um ano de fundação do Zíngaro foi comemorado com uma excursão que saiu em 10 de
julho de 1956 para a cidade de Araxá, no Triângulo Mineiro, onde seria
realizada uma partida contra o Ferrocarril Futebol Clube. No entanto, a viagem
fora de certa maneira frustrante para os bambuienses. A equipe comandada por
Geraldo Campos, um dos grandes nomes da AEB naquela época, saiu de noite do
município de Bambuí rumo a Araxá, chegando ao destino pela manhã do dia
seguinte. O Zíngaro sofreu uma dolorosa derrota pelo placar elástico de 6 a 1.
Em reportagem publicada em julho de 1956, por César Campos, na edição número dois
da Revista dos Municípios ficou registrado esse momento com o seguinte relato:
“(...) Não puderam os pupilos de Geraldo
Campos apresentar ao público esportivo araxaense, com oera desejo dos
dirigentes do Zíngaro, uma partida à altura por motivo de cansaço dos atletas,
que saíram de Bambuí na véspera do jogo, às 20 horas, chegando a Araxá às 5
horas da manhã e, mais ainda, num gramado completamente novo. Mesmo assim
revelou a sua fibra, em cancha estranha, nessa sua primeira excursão, e mais
por encontrar um adversário profissional “Coquinho”, que atualmente está
atuando no Comercial E. Clube, de São Paulo, e mais valores do Ypiranga, do
Operário e do Naja, quadros estes de Araxá. O escore foi favorável ao
“escretch” da cidade visitada pelo placard de 6 a 1.”
Crianças Mascotes do time: Na ata de fundação, de 10 de julho de
1955, há um registro que diz: “(...) sendo
ainda aprovado os mascotes, Elo Sandro Marques, Cláudio Rosário Mourão e Pedro
Luiz Dias (...)”. Pelo contexto, tudo indica que Elo, Cláudio e Pedro foram
às crianças aprovadas na época para representarem o time como mascotes.
Posteriormente, outras crianças entraram como representantes do time.A palavra
mascote indica um animal, pessoa ou objeto que é escolhido para representar uma
determinada marca ou instituição. No caso dos times de futebol, geralmente
existe um mascote animado que representa o time, mas as crianças que entram em
campo com os jogadores de mãos dadas, também são denominadas dessa maneira.
Vânia Magalhães Guimarães Mendonça relata que: “(...) O Zíngaro tinha uma cabrita preta e branca de mascote! (risos)... eu ia
muito com meu pai aos jogos e lembro bem (...)”, ela ainda confirma que
existia um “time mascote” formado por crianças no qual dois irmãos dela faziam
parte.
Capítulo XIII
Mascote do Zíngaro A.C.: A mascote oficial do time é o “Lobo do
Cerrado”, que surgiu em função da torcida adversária que sempre gritava as
expressões “AôhLobaiada...” ou mesmo “Cambada de Lobos” para implicar os
jogadores do Zíngaro, que sempre foi um time com perfil de jogar com raça e com
o coração na ponta da chuteira. De acordo com Robson Xavier: “(...) O Zíngaro é um clube diferente porque é
único, não existe outro; tem quatro cores: vermelho, branco, amarelo e preto e
tem como mascote o Lobo e quem grita o nome da mascote são os adversários
(...)”. Talvez, tenha surgido a expressão “Lobos” de maneira pejorativa, mas os
adversários se enganaram, pois, não haveria melhor animal para representar um
time vencedor como o quadricolor bambuiense. O Lobo é considerado um animal
ágil, inteligente e forte. Além disso, os lobos conseguem se adaptar para
sobreviver em condições adversas e tem grande sucesso em suas caçadas
realizadas habitualmente em grupo. Alguma similaridade com futebol, nesse
aspecto? Bom, o certo é que a caçada do Zíngaro em busca das taças sempre foi
mérito do trabalho em equipe, onde a força, a coragem e a determinação de cada
jogador dentro de campo, somadas fazem sempre a diferença.
O certo é que a torcida
quadricolor abraçou o animal da fauna da Serra da Canastra como seu
representante dentro do gramado. Antigamente, quem passava em frente ao Estádio
Alonso Dias, na Rua Coronel José do Egito, via o desenho do Lobo com seu chapéu
vermelho, ao lado esquerdo do portão de entrada grande com os dizeres “Toca do
Lobo” e do outro lado do portão escrito “Zíngaro Atlético Clube”. Lembro-me de
passar em frente ao Estádio, com meu pai e minha mãe, quando era criança, para
visitar minha avó materna, Dona Izauri Rodrigues ou minha querida Tia Divina
Rodrigues, que moravam no Bairro Cerrado e sempre pedia meu pai para passar com
o carro em frente ao campo do Zíngaro para que eu pudesse ver o desenho do Lobo.
Achava muito legal e me identificava com aquela mascote!
Os fundos do Estádio naquela
época, em que era criança, não era murado e a rua que minha Tia Divina morava
era a Rua João Manuel Amaro, que era sem saída. A rua terminava em uma área de
pastagem que dava no campo de futebol. Não foram raras as vezes, em que passei
com meus primos no pasto atrás da casa da minha tia, para ver o povo jogando
bola no campo do Zíngaro. Naquela época eu não entendia muito de futebol, mas
já achava legal todo aquele movimento naquelas tardes de domingo. Há um ditado
que diz que “(...) Ou você é do Zíngaro
ou é contra o Zíngaro (...)”, não existe meio termo, é mesmo como escolher
entre Atlético ou Cruzeiro, por isso, o clube adotou o slogan “O mais querido e o mais perseguido”,
pois, quem gosta do Zíngaro é fanático e quem não gosta “pega no pé” e torce
contra mesmo.
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